A RA, através da Visão por Computador e Computação Gráfica, ambos ramos da ciência da Computação, combina objectos virtuais gerados por computador com o mundo real, fazendo crer ao utilizador que o mundo virtual e o mundo real coexistem num só, sendo esta combinação uma realidade aumentada. No fundo, este é um conceito com o qual estamos familiarizados através da cultura Pop, como as representações holográficas na Guerra das Estrelas ou as linhas de fora de jogo nos jogos de futebol transmitidos na televisão, mas que apesar de tudo não são RA. Por não se processar interactivamente e em tempo real, os hologramas na Guerra das Estrelas e todos os outros elementos virtuais nos filmes e na televisão não são RA. Azuma et al[1] refere que a RA tem as seguintes características:
- Combina objectos reais e virtuais num ambiente real;
- Processa-se interactivamente e em tempo real;
- Regista (alinha) os objectos reais e virtuais entre eles.
Realidade Virtual (RV) é uma experiência sensorial na qual o utilizador é imerso num mundo virtual e com o qual interage. Em questões mais práticas a RA assemelha-se à RV na medida que ambos geram imagens por computador que permitem ao utilizador interagir com informação ancorada às posições tridimensionais relativas ao utilizador ou ao mundo[2]. Ao contrário da RV que imerge o utilizador num mundo todo ele virtualmente reproduzido sem que este tenha noção do mundo real, a RA combina os objectos virtuais com o mundo real permitindo percepção da realidade física que o envolve. De forma sucinta, a RA complementa a realidade em vez de a substituir por completo[3], representando uma combinação de mundo real com mundo virtual, como se pode ver na Fig.1.
Fig.1 - A Realidade Aumentada é a combinação do mundo real com objectos virtuais.
Milgram e Kishino[4] defendem um contínuo mundo real-virtual na qual a RA é parte dessa realidade mista. Na Fig.2 tem-se num ponto o mundo real e num outro o mundo virtual. A RA é a adição de objectos virtuais ao mundo real, enquanto que a Virtualidade Aumentada é a adição de objectos reais ao mundo virtual. No mundo real e na RA o ambiente envolvente é físico, enquanto que na RV e na Virtualidade Aumentada o ambiente envolvente é digital.
Fig.2 - Representação do contínuo Real-Virtual
RA é então uma adição de objectos virtuais ao mundo real, objectos esses que podem ser eles visuais, auditivos ou de outra natureza sensorial que possa ser digitalmente reproduzida/simulada. Para além de adicionar objectos virtuais, a RA pode também remover objectos reais, e.g. num sítio arqueológico ocultar uma determinada estrutura que à data não existisse. Alguns autores consideram que a remoção de um objecto real não consiste em realidade aumentada. No entanto, Azuma ainda a define como tal[1].
A arquitectura típica de uma aplicação de RA é composta essencialmente por um dispositivo de visualização para se representar os objectos virtuais, um sistema de tracking para fazer o registo dos objectos virtuais com o mundo real e um dispositivo com capacidade de processamento como um computador, um portátil ou outro equipamento móvel. Vários dispositivos de visualização estão disponíveis como também vários sistemas de tracking, sendo que a opção por um deles e por um dispositivo de processamento passa pelas necessidades específicas de cada aplicação. Para além deste núcleo outros requisitos podem passar pela necessidade de servidores, redes sem fios e acesso à Internet.